segunda-feira, fevereiro 19

Escolha Múltipla




A escolha múltipla matou o amor. 
Hoje eu quero escrever sobre a facilidade com que descartamos pessoas da nossa vida. 

“O meu sonho é encontrar uma mulher séria com quem construir uma família com pilares e valores sólidos”, dizia um amigo meu esta semana. “Mas acho que já não há pessoas assim, com quem possamos construir um amor para a vida toda.”
 Não é a primeira vez que ouço esta lamentação e não será a última com certeza. Eu própria me poderia martirizar a pensar o mesmo. 

Pois é meus amigos: o que não faltam são mulheres sérias aos vossos olhos. E é aí que começa o problema. E quem diz mulheres, diz homens, porque não se pense que somos diferentes. 

Os amores nos dias de hoje são descartáveis e é exatamente por isso que nunca o chegam a ser: Amor.
Já ninguém tem paciência para encher o saco, engolir sapos e abrir o pipo da panela de pressão para deixar sair o vapor maléfico de uma relação. 

Porque nos havemos de  dar ao trabalho de moldar uma pessoa de quem nós até gostamos se, sem sair do sofá, podemos abrir um livro de caras e começar a escolher alguém novo de quem gostar e que, - durante uns tempos -, não nos dará chatices nenhumas?

Já ninguém se quer dar ao trabalho. E é exatamente aqui que o amor morre. 
Aquilo que se passa é que somos pessoas apaixonadas em vez de pessoas amadas, porque quando tudo começa a dar para o torto, começamos simplesmente a mudar o chip... a descartar a pessoa que temos ao nosso lado. E assim começam novas paixões. E assim morre o amor. 

Eu quero falar disto porque não tenho paciência para paixões. 

E então lembrei-me de recordar que o amor para a vida toda existe. Mas só existe para pessoas que se querem dar ao trabalho. 

Ao trabalho de amar. Ao trabalho de ter paciência. Ao trabalho de dizer obrigado; pedir desculpa e ouvir. Ouvir muito. Ao trabalho de se colocar no lugar do outro, de mostrar ao mundo que a vida só faz sentido ao lado daquela pessoa. Que os ciúmes (saudáveis) são apenas a prova do amor que a outra pessoa sente por nós. Ao trabalho de dizer  “amo-te” quando a conversa azedar de tal forma que a única vontade é esbofetear (em sentido figurado) a outra pessoa. Abraçá-la até, com todas as forças do universo, nesse exato momento. É engolir sapos em determinadas circunstâncias, mas falar sobre eles sempre! - se não os quiserem ter que engolir muitas vezes. 

Ao trabalho de dividir tarefas, de compreender que não és o único a estar cansado depois de um dia de trabalho e que do outro lado também podem ter existido problemas no decorrer do dia que precisem de ser falados. 

Ao trabalho de não se ser egocêntrico. De ser educado em todas as circunstâncias. 
De admitir erros. De explicar as razões dos mesmos. De ser flexível. De não impor opiniões. De ouvir para compreender e não para responder.

De perdoar,
(...) 
Enfim, ficaria aqui dias a inúmerar a trabalheira de um amor para a vida toda. E talvez se compreendesse porque não existem tantos assim por aí nos dias que correm.

As paixões não dão trabalho nenhum. Afinal de contas é como ir a um restaurante e não passar da entrada. Para quem tem fome, tudo sabe bem. Ninguém quer estragar o floreado inicial. Mas depois é que são elas. 

Os amores morrem devido à lei da oferta e da procura. 
Quem muito procura terá que se contentar com a entrada; quem trabalha para conquistar o prato principal ... desfruta da sobremesa. 

As mulheres sérias existem.
Os homens sérios também. 

Basta que exista uma única coisa: AMOR.

Sejam felizes,

Pat
18.02.2018



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