terça-feira, fevereiro 28

Se somos momentos, eu sou isto tudo: e gosto.








Somos momentos. Somos abraços e cheiros. E cores. E sons. 

Somos pouco mais que nada. Pouco mais que tudo aquilo que definimos para nós. 

Gosto de pensar assim: que sou o que eu quiser. E sou. 

Hoje de manhã o despertador tocou. Já tinha tocado antes. Adormeci outra vez porque não me apeteceu levantar. Acordei meia hora mais tarde porque hoje não quis ter horas. E depois disso fiquei na melancolia da minha cama a apreciar a luz que passava pelas gretas da pressiana e refletia na parede. Só para me certificar do quanto adoro esta luz. 

De seguida fui adulta. Vesti as minhas responsabilidades e sai porta fora. E de saltos altos, porque é assim que gosto de mim nos momentos de responsabilidades.

É quando passam estas burocracias que olhamos para o tempo. Especialmente para aquele que nos resta. 

Se o meu corpo fosse constituído de alguma matéria que pudéssemos escolher, o meu era feito de mar. 

Às vezes escolho ser mar dos pés à cabeça. Sento-me na areia e desconecto-me de tudo o resto. Nem passado, nem futuro. Nem pessoas, nem coisas, nem responsabilidades. As atenções redobram-se no movimento das ondas, quase como se as visse em camara lenta e as ouvi-se num búzio gigante em modo altifalante na minha mente. As cores, as gaivotas... gosto de ocupar uma pequena parte do tempo que me resta, assim ... desta forma grátis. 

Um dia perguntaram-me o que se passava comigo. "Nada", respondi. Acusaram-me de ter estado a sós com o mar, como se fosse motivo suficiente para se passar algo. 

As pessoas precisam de paz de espirito. Mais do que quando tem problemas, quando não têm. Não são precisos motivos, apenas querer ter uma aurea constantemente saudável.

E eu descobri como encontrar a minha. É a fazer aquilo que realmente gosto. 

Depois do mar, vem o silêncio. 

Eu gosto do silêncio. 
Estranho não é? Ouvir o barulho do que nos rodeia, assusta, especialmente quem ainda não perdeu um pouco de tempo a ouvir o barulho de si próprio. É necessário. As quatro paredes da minha sala permitem-me escutar os pássaros que vagueiam atarefados lá fora, entrevalados muitas vezes pelas sirenes das ambulâncias que socorrem outras vidas ou pelas buzinas do transito lá fora. Por cá o silêncio, de que eu gosto.  

Depois a fotografia. Gosto de perder horas a captar formas de estar na vida. E é por isso que improviso estúdios e holofotes. Fotografo tudo o que me rodeia e até a mim mesma, quando me apetece. Só para me ver ao espelho e verificar se estou feliz. Às vezes descubro que não. 

Depois a comida, ... next. E escrever... 

E ler. 
E ouvir música. 
E desenhar. 
E pintar. 
E projetar bricolages quaisquer...

E... 

Se somos momentos. Eu sou isto tudo: e gosto. 

Patrícia Luz
28 de Fevereiro 2017






domingo, fevereiro 5

| Your soul is the whole world



| Your soul is the whole world. 

Contento-me com coisas simples. O amor alimenta-me e o desamor corrói-me. 
Adormeço com mil sonhos todos os dias e acordo sempre que os pesadelos me dizem que não vou conseguir concretizá-los. Choro quando estou nervosa, mais ainda quando vejo injustiça ou ingratidão diante dos meus olhos. Choro quando estou feliz também. Não sou a melhor pessoa do mundo, mas tento ser a melhor versão de mim em cada dia que passa. Caio. Caio na maldade de acreditar que há pessoas boas. Ergo-me sempre, só para continuar a entregar o melhor de mim a cada uma delas. 
Não tenho segredos. As bochechas que coram não me deixam mentir. 
Gosto do mar. Em cada dia triste é ele que me limpa a alma. E em cada dia feliz é ele que a transforma em verão. Gosto do silêncio barulhento das ondas a latejar na minha cabeça sem norte. 
Sou criativa. Especialmente a fugir dos buracos em que a vida tem tendência para me enfiar. 
Acredito. Acredito que em cada dia, há mil e uma vidas a chamar por nós. E que nada, nada, acontece por acaso.
Não sou a melhor amiga do mundo, na medida em que não digo o que os outros querem ouvir. Não tenho perfil de lambe botas e chateiam-me os rebanhos em busca das luzes da ribalta. Mas se me pedirem um ombro, tenho dois para dar.  
Gosto de dar. Dou demais às vezes. O que não tenho, até. 
A minha vida são quatro paredes de ar, onde vive muito pouca gente. Mas gente muito boa. 
Sou livre. 

Um serão bem passado define-se por uma mesa rodeada de sorrisos, ou o meu albúm favorito a ecoar nas paredes do meu quarto em lusco-fusco enquanto chove lá fora. 
Sou de extremos. Gosto da melancolia das noites e da exaustão de não ter mais horas para viver os dias. Sou feliz e triste. Carente e insegura, certa de tudo o que tenho de bom. 

Tenho mil razões para não gostar da vida. E todos os dias invento outras mil para a adorar. Sou a prova de que quem vê caras não vê corações. 

Agradeço. Agradeço todos os dias a Deus as pessoas luz que coloca na minha vida em cada momento, mesmo sem que elas cheguem a saber que o são. 

Energias positivas atraem energias positivas. 

Your soul is the whole world.

Patrícia Luz
5 de Fevereiro 2017