quarta-feira, julho 27

Something Better

« In the midst of winter, I found there was, within me, an invincible summer. And that makes me happy. For it says that no matter how hard the world pushes against me, within me, there's something stronger - something better, pushing right back.» Albert Camus

Ilha do Farol, 23.07.2016

(...) Umas horas antes sentava-me na mesa do café. Ele sorria. Partilhávamos o mesmo bolo de chocolate porque a ansiedade me tirava a fome e por muito que adore aquele bolo jamais o comeria sozinha.  A minha cabeça estava na china até ao momento em que nos sentámos. E o coração, nem sei se existia. 
Sentar-me ali fez-me parar. Assentar as ideias. Ter um momento lúcido no meio da felicidade embriagada que queria sentir. Da felicidade que me molhou a cara durante uma hora enquanto o mar me amparou a alma. Sozinha. Sozinha sempre... enquanto caia a noite.
Não são precisos soldados para combater a guerra de um coração morto. Não são precisas vozes a incendiar-nos o ego para que nos sintamos melhor. São só precisas lágrimas de desilusão e de raiva para que Deus oiça.

Sentar-me ali... sentar-me ali foi desligar da minha vida para ouvir a de um (des)conhecido que se queria desligar da dele também. 

«Posso beber um pouco da tua água?»

Os olhos não inundaram, mas a voz tremeu. 

O amor mata-nos. 

Não. 
O que nos mata são pessoas com falta dele.

Patrícia Luz










terça-feira, julho 26

(O único) Homem da minha vida





És tudo quando não tenho nada. 
És a estrela mas brilhante numa noite escura.
E o caminho quando não tenho estrada.


Felicidade é tão simplesmente ver-te feliz  
Feliz dia dos Avós ao meu único, 
Beijo no ceú para o restantes.


sexta-feira, julho 8

Portugal(zinho)

Quero escrever sobre o meu país. Do quanto me faz ter o coração apertado para o bem e para o mal, do quanto me orgulha e do quanto me entristesse.

Há dias em que o melhor do mundo está aqui debaixo dos meus pés e por isso não anseio nada mais do que isto, há outros, em que as lágrimas me escorrem cara a fora só de ver o inferno da vida de algumas pessoas que me rodeiam sem que elas mesmas se apercebam.

Somos assim. Um povo teatral que se habituou a encarnar várias personagens só para não ter o dedo do outro apontado à cara. Nunca estamos bem. Passamos de bestiais a bestas como quem muda de cuecas. Mas o que interessa é sorrir. Se sorrirmos está tudo bem.O cão ladra e a caravana passa e seja o que deus quiser.

Seja o que Deus quiser uma merda.

Quero falar mal do meu país porque o amo. Quero falar mal das pessoas porque se conformam. Quero falar mal da política e da educação, porque é aqui que está o cerne de um país que tinha tudo para dar certo e anda torto.

Quero falar dos milhões investidos para arear uma praia em Lagos com o objetivo de receber mais turistas, quando não aumentamos um aeroporto por falta de verbas. Sendo que a areia se foi e os turistas não voltaram. Do emprego que se nega a uma grande percentagem de portugueses qualificados por não saberem falar inglês, trocando-os por ucranianos que dominam dez linguas e estão ilegais. Quero falar do ordenado minimo que alimenta seis bocas menores à mesa enquanto o estado investe em estádios de futebol  que apodrecem por falta de uso.

Quero falar da fruta - e de todas as tretas deste género -, que quando é nossa não presta. Mas quando vai a Espanha e volta já é a melhor do mundo. 

Quero falar do Algarve que trabalha quatro meses do ano com trabalho escravo de borla a que decidiram chamar formação profissional oferecida a estagiários das mais diversas partes do país. Da calamidade que é recebermos bruta-montes, perdoem-me a expressão, que nos mijam em cima sem que nos possamos recusar a recebê-los porque o pão de cada dia de um ano está dependente de como correm estes miseros quatro meses.
  
Quero falar das pessoas. Da educação que não tem.

Dos valores. Que são raros...

Caramba Portugal, gosto tanto de ti, porra.